terça-feira, 7 de agosto de 2012

Engole teu coração e se ama por dentro


É isso aí, como diz Caio Fernando Abreu, engole teu coração e se ama por dentro!
É disso que qualquer pessoa merece! Amor próprio!
As vezes fico pensando.... antes da cirurgia (neovaginoplastia) eu podia estalar os dedos para ter qualquer homem pra um sexo casual, depois da cirurgia.... as portas se fecharam. E penso eu que seja pois nenhum desses que passaram pela minha vida é a pessoa especial para se ter a primeira vez!
Interessante né.... eu por enquanto não estava pensando nessa perspectiva, e sempre ali preocupada em saber como que ficou a cirurgia, será que tá legal, a receita médica foi sexo, sexo, sexo.... mas ainda não tive, somente mantendo o canal, que já está OK, sem perigos de retrair, através dos moldes, esses que desde o início foram trocados, desde o pequeno e mais fino até o grande e mais grosso.
Falar isso pra qualquer mulher que possui útero normal, canal vaginal, parece meio.... embaraçoso, mas é isso que passamos, se não é a cirurgia o método utilizado é dilatação através dos moldes, que vão sendo trocados gradativamente, até se ter o tamanho ideal para ter relações sexuais.
Esses dias li muito sobre os estudos sobre o transplante de útero, onde você pode encontrar mais no blog Síndrome de Rokitansky, e fiquei pensando.... eu, particularmente, desde que descobri ser portadora, nunca pensei na possibilidade de um dia me submeter ao transplante, caso um dia seja possível, já passado por todas as experiências para saber se é possível, viável, se não esbarra ali na ética médica, onde a prioridade é executar transplantes para salvar vidas, eu não tenho essa vontade. 
Sei que minha condição é não poder gerar filhos no meu ventre, mas qual seria a diferença entre crescer na minha barriga e crescer no meu coração??? Porque ele seria mais meu filho sendo gerado em mim???
Nunca pensei também, até o momento, em barriga de aluguel.... sei que essas questões também tem de ser discutidas com meu parceiro, claro, mas por enquanto no meu coração não se tem essa necessidade toda.... claro que quando descobri pensei N coisas no sentido: não poderei dar um filho de sangue ao meu marido, um neto aos meus pais.... mas depois, com o tempo, fui percebendo que não preciso que ele cresça dentro de mim pra ser meu filho, sendo que ele crescendo em meu coração terá o mesmo amor, carinho e respeito dispensados a ele.... 
Lembro-me muito bem de quando a Ana Hickmann disse uma vez, em uma entrevista, nos deixando na dúvida se ela também é uma portadora, onde ela disse que o fator trabalho não era o único impedimento de ela não ter filhos, que era uma questão pessoal também, pois ela não precisaria ter filho do seu ventre para dizer que é mãe. A tecnologia e outras questões dão essa possibilidade, como adotar, e que ela acha a adoção uma coisa maravilhosa!
Gente, fico indignada quando vejo mães, saudáveis, capazes de gerar um filho, que os abandonam, que os rejeitam.... e vendo eu aqui, cheia de amor pra dar a um filho, não podendo tê-lo (através do meu ventre), que injusto!
É lindo adotar! E não é adotar como forma de caridade.... é adotar para ser mãe! 

Um comentário:

  1. Sabe, acho que na vida tudo tem um pq, e acabamos nos descobrindo mais fortes do que imaginavamos.
    e a experiência serve para ser compartilhada tb, e qnd vemos nitidamente as situações, vemos q não é o fim do mundo, ainda estamos vivas, e ainda há mto o que percorrer.
    e seguindo a velha frase clichê "mãe é quem cria, quem cuida!" qt a isso não há dúvidas nem divergencias!!Bárbara

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